domingo, 22 de junho de 2008

SURPRESA


Surpreende-me quando dizes
com tal firmeza na voz,
que aqueles tempos felizes
quem viveu não fomos nós.
-"Foi tudo ilusão!", garantes,
"coisas bem próprias de amantes!"

Ouço o que dizes e penso
que por mais que tu prefiras
esquecer o amor imenso
que não viveu de mentiras,
o amor existiu, tão forte,
que é impossível sua morte.
Mas se agora não te fala
o que antes tanto valia,
e tua voz não se cala
condenando o que existia,
é porque, então, nada resta
daquilo que já foi festa.

Porém, por mais que o destino
separe o que estava junto,
pode ser que, repentino,
o amor que hoje jaz defunto,
como a esquecida semente
germine dentro da gente:
vire fruto, vire flor,
árvore cheia de ninho,
sol que transfira calor
para alguém que está sozinho.

E se em ti, se ao retornar
o amor que tinha morrido,
conseguir te transformar
em tudo o que havias sido,
vamos reviver a história
do amor que foi nossa glória:
e assim que ele renascer
terá tanta intensidade
que aí sim, pode morrer,
porque viveu de verdade.

Théo Drummond

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