sábado, 15 de novembro de 2008

TRANSFORMAÇÃO

Lembrar agora o que fomos
só me faz ficar mais triste,
pois que o peito não resiste
ao pensar no que hoje somos.

É como olhar um jardim
onde tanta flor houvesse,
e depois nem mais tivesse
rosa vermelha ou jasmim.

É fitar o céu noturno
de estrelas sempre coberto,
e que virasse um deserto
lúgubre, estranho, soturno.

Ou olhar para o horizonte
na espera do sol nascer,
e ele nunca aparecer
trazendo só desaponte.

Olhar o banco da praça
e vê-lo agora vazio,
e sentir, num desvario,
que o banco não tem mais graça.

Lembrar de novo o que fomos
é sentir, num desatino,
como foi que esse destino
nos transformou no que somos.

Théo Drummond

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