Olho a parede nua e vejo nela
a marca da moldura de um retrato,
ou lá - quem sabe? - uma pequena tela
que mereceu do dono um longo trato.
A pergunta me veio de imediato:
seria foto de mulher tão bela
que, por anos, ficou ali, de fato,
para que alguém nunca esquecesse dela?
Ou seria pintura e retratasse
um lugar que talvez tenha marcado
alguém, que um dia, por ali passasse?
É inútil qualquer coisa que eu pensar.
Só sei que o quarto vai ser repintado,
ninguém, agora, vai poder lembrar...
Théo Drummond
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