
Lembrar agora o que fomos
só me faz ficar mais triste,
pois que o peito não resiste
ao pensar no que hoje somos.
É como olhar um jardim
onde tanta flor houvesse,
e depois não mais tivesse
rosa vermelha ou jasmim.
É fitar o céu noturno
de estrelas sempre coberto,
e que virasse um deserto,
lúgubre, estranho, soturno.
Ou olhar para o horizonte
na espera do sol nascer,
e ele nunca aparecer
trazendo só desaponte.
Olhar o banco da praça
e vê-lo agora vazio,
e sentir, num desvario,
que o banco não tem mais graça.
Lembrar, de novo, o que fomos,
é pensar, num desatino:
como foi que esse destino
nos transfomou no que somos.
Théo Drummond
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