segunda-feira, 28 de março de 2011

VELA

Sinto-me como a vela quando bruxoleia
E a chama vai sumindo e tudo se escurece.
A cera terminou, e a sombra que permeia
Ao meu redor, enfim, - quem sabe? - se acabou.
 
Vejo que tenho o corpo preso numa teia
Que a chegada do fim tudo o que era enrolou.
Sinto o sangue parando em mim, veia por veia,
Saio da vida aos poucos – tudo terminou.
 
Para onde vou agora, cheio dos meus medos,
Vela que já não há, vida que não é mais,
Carregando o final na ponta dos meus dedos.
 
Não sei... só sei que a chama que era se findou.
Há um monte de cera mas não mais capaz
De ser chama outra vez – já que Deus apagou.

Théo Drummond

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