segunda-feira, 30 de maio de 2011

FIM DA ESTRADA


Às vezes volta à memória
o tempo em que fui menino,
quando não havia história
escrita no meu destino.
Era criança, somente,
de olhos abertos, sem ver,
que o mal é coisa que a gente
aprende quando crescer.
Assim vim eu pela vida,
e na minha juventude
tentei subir a subida
que era íngreme – e não pude.
Hoje sinto o fim da estrada:
que história posso escrever?
A da criança esquecida,
do jovem que não fez nada,
do velho que quis viver,
mas percebeu, finalmente,
que para o que serve a vida
todo mundo, toda gente,
só aprende quando morrer?...

Théo Drummond
(livro redondilhas, pág. 40)

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